Pessoas com obesidade têm probabilidade significativamente maior de desenvolver câncer de intestino grosso, segundo diversas análises científicas. Uma revisão de estudos indica aumento de 25% a 57% no risco de tumor colorretal entre indivíduos com índice de massa corporal elevado.
Gordura abdominal em evidência
Pesquisa publicada na revista Jama Network reforçou a relação entre gordura central – medida pela circunferência da cintura – e a incidência de câncer no intestino. O trabalho avaliou dados de 458.543 voluntários com idade entre 40 e 69 anos, integrantes do banco britânico UK Biobank.
De acordo com a endocrinologista Cláudia Schmidt, do Hospital Israelita Albert Einstein, o estudo destaca a circunferência abdominal como importante marcador de risco oncológico. A especialista lembra que o tecido adiposo localizado na cavidade abdominal atua como órgão endócrino, liberando substâncias pró-inflamatórias capazes de favorecer alterações celulares.
Inflamação e alterações hormonais
Evidências apontam que inflamações discretas e persistentes, associadas à obesidade, podem contribuir para a formação de tumores. Desequilíbrios hormonais comuns na síndrome metabólica e a resistência à insulina também são citados como potenciais desencadeadores da doença.
“Atualmente, a obesidade é considerada o segundo principal fator de risco evitável para o câncer, atrás apenas do tabagismo”, afirma Alexandre Palladino, chefe da Oncologia Clínica do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Prevenção passa por hábitos saudáveis
Estratégias de combate ao sobrepeso, como prática regular de atividade física e alimentação equilibrada, são recomendadas para reduzir a probabilidade de câncer colorretal. Especialistas defendem políticas públicas que estimulem o uso de áreas esportivas e promovam acesso a alimentos frescos.
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Diversos estudos sugerem dieta com predominância de vegetais e menor consumo de carnes vermelhas. O padrão mediterrâneo – rico em verduras, frutas, leguminosas, grãos integrais, sementes, laticínios magros e peixes – é frequentemente citado como referência.
A ingestão de fibras, presentes em hortaliças, grãos integrais e leguminosas, é fundamental para o bom funcionamento intestinal e para manter o equilíbrio da microbiota. Probióticos encontrados em iogurtes e leites fermentados também contribuem para a produção de ácidos graxos de cadeia curta, substâncias relacionadas a efeito anti-inflamatório na mucosa do intestino.
Importância do rastreamento
Palladino lembra que diretrizes atuais recomendam a realização de colonoscopia a partir dos 45 anos. Pessoas com histórico familiar de câncer colorretal devem discutir com o médico a possibilidade de iniciar o exame antes dessa idade, já que o diagnóstico precoce melhora as chances de tratamento bem-sucedido.
Com informações de Terra





