Estudo revela alta prevalência de HPV em homens e reforça importância da vacinação e do diagnóstico precoce

Um levantamento publicado em 2023 no periódico The Lancet Global Health indica que a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) atinge um terço dos homens com mais de 15 anos em todo o mundo. O estudo revisou quase 5,7 mil trabalhos científicos divulgados entre 1995 e 2022 e concluiu que um em cada cinco homens abriga tipos de HPV considerados de alto risco para o desenvolvimento de câncer. A prevalência é maior na faixa etária de 25 a 29 anos.

Doença costuma ser silenciosa

A urologista Karin Anzolch, diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), explica que a infecção raramente provoca sintomas claros. Quando aparecem, podem ser confundidos com alergias ou infecções fúngicas. Muitas manifestações desaparecem espontaneamente, mas o portador já pode ter transmitido o vírus antes disso.

O tempo entre o contágio e o surgimento de lesões varia de dois a oito meses, podendo ultrapassar dez anos. Mesmo alterações microscópicas — chamadas de subclínicas — são capazes de evoluir para lesões pré-malignas ou malignas.

Sinais e locais mais frequentes

As verrugas genitais, conhecidas como condilomas acuminados, são a forma clínica mais típica do HPV. Outras lesões podem aparecer como placas elevadas, áreas ásperas ou pequenos nódulos escurecidos. Nos homens, os pontos de maior ocorrência são:

  • glande;
  • sulco balanoprepucial;
  • corpo do pênis;
  • região pubiana;
  • bolsa escrotal;
  • raiz das coxas;
  • períneo;
  • região anal;
  • cavidade oral, principalmente após sexo oral sem proteção.

Apesar de algumas lesões serem assintomáticas, a capacidade de transmissão permanece alta.

Como é feito o diagnóstico

O médico inicia pela coleta detalhada da história sexual e vacinal do paciente. O exame físico inclui inspeção cuidadosa da área genital e, quando necessário, biópsia ou testes de biologia molecular para identificar o tipo viral. Não há exame de sangue para HPV, mas a investigação de outras infecções sexualmente transmissíveis é recomendada devido aos fatores de risco em comum.

Opções de tratamento

Não existe terapia específica contra o vírus. O manejo varia conforme o tipo e a localização das lesões, normalmente com procedimentos ablativos como cauterização a frio, a quente ou química. Cremes imunomoduladores e substâncias tópicas também podem ser prescritos. A recorrência é comum, exigindo acompanhamento prolongado. Em casos internos — boca, ânus, uretra ou bexiga — podem ser necessários procedimentos cirúrgicos, sobretudo diante de sinais de malignidade.

Riscos da ausência de tratamento

Sem intervenção, as lesões podem aumentar em número e tamanho, principalmente em pessoas com imunidade comprometida. O HPV é a principal causa do câncer de colo do útero nas mulheres e do canal anal em homens que fazem sexo com homens, além de estar associado a tumores de pênis e de cabeça e pescoço.

Prevenção: preservativo e vacina

O preservativo reduz, mas não elimina, o risco de transmissão, pois o contato pele a pele fora da área coberta possibilita infecção. A camisinha feminina oferece maior cobertura. A urologista alerta para a queda no uso do preservativo, especialmente entre adolescentes.

A vacina contra o HPV continua sendo a estratégia mais eficaz. Disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), o esquema prevê duas doses para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV, transplantados e pacientes oncológicos de 9 a 45 anos recebem três doses sem custo. Na rede privada, há imunizantes que abrangem mais subtipos do vírus, cuja indicação deve ser discutida com o médico.

Com informações de Terra

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