Cena de Odete Roitman fumando em “Vale Tudo” reacende debate sobre vilãs e cigarro na TV

No capítulo exibido nesta segunda-feira (22), Odete Roitman apareceu com um cigarro em “Vale Tudo” logo após sobreviver a um atentado, episódio que provocou discussões nas redes sociais. A personagem, vivida por Débora Bloch, já havia sido mostrada fumando em outra cena ao lado de Marco Aurélio (Alexandre Nero), mas o detalhe voltou a chamar atenção do público.

Internautas questionaram o hábito da vilã e apontaram possível glamourização do fumo. A opção da autora Manuela Dias reavivou o debate sobre como produções audiovisuais utilizam o cigarro para construir perfis de poder, transgressão e marginalidade.

Vilania e fumo: números do cinema

Um estudo divulgado em 10 de agosto de 2005 pelo Gazeta do Povo, citado pela BBC, analisou 447 sucessos de bilheteria lançados a partir de 1990. Os dados indicaram que vilões fumavam em 35,7% dos casos, enquanto heróis faziam o mesmo em 20,6%. A pesquisa também mostrou maior presença do cigarro entre personagens de classe média ou baixa (48,2% e 22,9%) em comparação aos ricos (10,5%). Filmes independentes apresentaram 46,2% de fumantes, contra 18,2% nas produções de grandes estúdios.

Mudança de postura em Hollywood

A personagem Cruella de Vil ilustra a nova postura da indústria. No longa “Cruella” (2021), Emma Stone interpretou a vilã sem o icônico acessório. Em entrevista ao The New York Times, a atriz explicou que “não é mais permitido fumar em um filme da Disney”. A empresa baniu o fumo de suas produções em 2007, medida seguida por outros estúdios, como a Warner Bros. (desde 2005) e a Netflix, que restringe cenas de cigarro a títulos adultos desde 2019.

Contraste na dramaturgia brasileira

Enquanto temas sensíveis, como o alcoolismo de Heleninha, têm recebido abordagem cuidadosa em “Vale Tudo”, o cigarro permanece como recurso visual associado à vilania de Odete Roitman. O contraste reacende a discussão sobre limites entre composição de personagens e possível incentivo a hábitos nocivos.

Entre polêmicas e comentários do público, a presença do cigarro nas mãos da antagonista reforça o estereótipo apontado pela pesquisa: na ficção, fumar ainda é traço recorrente de figuras vistas como transgressoras.

Com informações de Purepeople

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